Examinando Problemas de Transparência na AARO
- João Cutrim
- 21 de nov. de 2024
- 9 min de leitura

A falta de transparência e de responsabilidade da AARO, a agência governamental encarregada de investigar OVNIs, tem gerado críticas intensas. Além disso, figuras como a senadora Gillibrand e a ex-porta-voz do Pentágono Susan Gough também enfrentam questionamentos sobre suas ações relacionadas ao tema.
Dr. Jon Kosloski
Dr. Jon Kosloski foi nomeado como o novo diretor da AARO, trazendo a promessa de uma abordagem mais aberta e colaborativa em comparação com seu antecessor, Dr. Sean Kirkpatrick. Enquanto Kirkpatrick enfrentou críticas por sua postura reservada, falta de transparência e sua tendência a tratar denunciantes de OVNIs como ameaças à segurança nacional, Kosloski é visto como uma liderança mais disposta a ouvir as partes interessadas, incluindo cientistas, legisladores e testemunhas. Sua nomeação representa uma oportunidade de reconfigurar a percepção pública e institucional da AARO, reforçando o compromisso com investigações imparciais e uma comunicação mais clara sobre o fenômeno dos OVNIs.
A apresentação feita pelo novo chefe do AARO, divulgada no Senado Americano, fornece um panorama atualizado sobre os esforços do órgão para investigar os Fenômenos Aéreos Não Identificados (UAPs). Os slides disponibilizados pelo Comitê das Forças Armadas do Senado detalham os seguintes pontos principais:
Metodologia de Investigação:
O AARO utiliza um processo sistemático para analisar casos relatados, incluindo a coleta de evidências, análise de dados, e o cruzamento de informações com sensores e testemunhas.
Casos de Interesse:
A apresentação inclui um resumo de casos analisados recentemente, destacando tanto fenômenos explicados quanto aqueles que permanecem sem explicação.
Parcerias Interinstitucionais:
O órgão reforça a importância de colaboração com outras agências governamentais, serviços militares e parceiros internacionais para melhorar a coleta de dados e a validação de fenômenos.
Compromisso com Transparência:
Apesar das críticas que têm sido levantadas sobre a comunicação do AARO com o público, os slides destacam um compromisso em disponibilizar informações de maneira mais acessível, incluindo esforços para desmistificar fenômenos conhecidos e contextualizar os casos ainda em investigação.
Falhas na Transparência da AARO
A AARO tem sido acusada de não cumprir com a transparência necessária em suas investigações. Entre os pontos mais críticos, destaca-se a recusa do diretor da agência em testemunhar sob juramento durante audiências no Senado. Além disso, informações cruciais sobre incidentes específicos, como o vídeo "Go Fast", não foram divulgadas. Nesse caso, faltam dados como depoimentos de pilotos e informações de radar, essenciais para uma análise completa do fenômeno.
Outro exemplo que levanta dúvidas sobre a atuação da AARO é o incidente com o vídeo "Gimbal". Apesar da relevância do material, a agência não entrou em contato com testemunhas importantes, como o oficial de armas (WSO) que registrou as imagens.
Críticas à Senadora Gillibrand
Embora a senadora Kirsten Gillibrand tenha se posicionado como uma defensora da transparência sobre OVNIs, ela também não escapa das críticas. Muitos argumentam que, apesar de ser uma democrata, ela deveria ser responsabilizada por não pressionar mais ativamente pela divulgação de informações. Há quem acredite que o AARO (All-domain Anomaly Resolution Office) esteja sendo excessivamente influenciado por ela, o que compromete sua independência e eficácia.
As críticas também incluem a desconfiança em relação a Susan Gough, que controla o fluxo de informações sobre OVNIs no Departamento de Defesa. Sua atuação passada, marcada por controle narrativo na mídia e alegações de que teria enganado o público sobre programas anteriores relacionados a OVNIs, como o AATIP e o AAWSAP, gera preocupações. Essa influência é vista como um obstáculo para a transparência, e muitos acreditam que Gough prejudica os esforços do AARO, mesmo que ela apenas siga ordens de superiores.
Além disso, o diretor do AARO também é alvo de questionamentos por se recusar a testemunhar sob juramento perante o Congresso, o que alimenta dúvidas sobre a credibilidade e a transparência da organização. O caso do vídeo "GoFast" é citado como exemplo dessa falta de clareza, com dados cruciais, como depoimentos de pilotos e informações de radar, ausentes.
Por fim, o testemunho de ex-oficiais do Pentágono no Congresso, que afirmam que o governo deliberadamente enganou o público sobre OVNIs por décadas, reforça o ceticismo. A recusa do diretor do AARO em jurar durante seu depoimento aumenta as suspeitas de que a agência esteja mais preocupada em proteger interesses internos do que em oferecer respostas claras ao público.
O Papel Polêmico de Susan Gough
Susan Gough, conhecida por seu papel como porta-voz do Pentágono, também está no centro das críticas. Sua suposta influência sobre o fluxo de informações e o controle das narrativas midiáticas relacionadas aos OVNIs geraram desconfiança. Sua presença ao lado da liderança da AARO é vista como um obstáculo à credibilidade da agência, especialmente devido à percepção negativa que testemunhas têm dela.
Um denunciante que teve contato direto com a AARO compartilhou sua experiência negativa com Gough:
“Simplificando, minha experiência com Susan Gough foi a pior que já tive com qualquer pessoal de relações públicas do Departamento de Defesa, em toda minha carreira. O que aconteceu, ou mais precisamente, o que não aconteceu nos últimos seis meses, me deixa sem confiança ou credibilidade nessa oficial que representa o Departamento de Defesa sobre o assunto. Isso não é algo pessoal de forma alguma. Ela pode ser uma pessoa maravilhosa, mas seu comportamento tem sido um exemplo claro de tudo o que as operações de mídia do Pentágono não deveriam ser, e certamente isso não ocorre por falta de treinamento ou experiência. Seu currículo é impressionante e pode até ser preocupante para alguns que buscam alguma migalha de verdade sobre esse tema bizarro e historicamente confuso.”
Essas críticas destacam não apenas a falta de confiança, mas também a percepção de que Gough perpetua práticas problemáticas que prejudicam a transparência e a credibilidade do governo em questões relacionadas aos OVNIs. Muitos acreditam que sua presença no núcleo da AARO impede avanços significativos, especialmente no que diz respeito à construção de confiança com testemunhas e à divulgação de informações ao público.
Essas falhas, somadas às acusações de desinformação histórica e de controle narrativo por parte do Pentágono, colocam Gough como uma figura central no atual clima de desconfiança em torno das investigações de OVNIs a distinguir entre fenômenos conhecidos e eventos potencialmente anômalos.
Desinformação e Desconfiança
As acusações de desinformação histórica por parte do Pentágono em relação aos OVNIs alimentam um clima crescente de desconfiança tanto no público quanto entre especialistas. Ex-funcionários do Departamento de Defesa afirmam que, ao longo de décadas, o governo conduziu esforços sistemáticos para manipular informações e enganar a população sobre a verdadeira natureza dos fenômenos aéreos não identificados. Esses relatos incluem a supressão de dados, o controle narrativo em investigações oficiais e até mesmo o direcionamento de programas secretos para evitar escrutínio público.
Mais recentemente, críticas têm sido direcionadas a Sean Kirkpatrick, chefe da AARO, que foi acusado de tratar denunciantes de OVNIs como ameaças à segurança nacional. Essa postura levanta sérias preocupações, pois contradiz diretamente as expectativas de maior transparência e cooperação que muitos esperam de uma agência criada para lidar com o tema de maneira aberta e responsável. Além disso, essa atitude pode desencorajar potenciais denunciantes de virem a público, prejudicando ainda mais a busca por respostas claras e a construção de um diálogo de confiança entre as partes envolvidas.
Casos Específicos: "Go Fast" e "Gimbal"
O vídeo 'Go Fast', gravado em janeiro de 2016 por uma tripulação aérea da Marinha dos EUA, aparenta mostrar um OVNI voando rapidamente sobre o oceano na costa leste dos Estados Unidos. Esse vídeo ganhou atenção pública e do Congresso quando foi divulgado em 2017.
A avaliação do AARO sobre o vídeo afirma que o objeto não demonstrou velocidades ou características de voo anômalas. Segundo o órgão, através de análise geoespacial e trigonometria, concluiu-se com alta confiança que o objeto estava a aproximadamente 13 mil pés de altitude, longe da superfície da água. O AARO sugere que o efeito de paralaxe — uma ilusão de ótica causada pela perspectiva — faz com que o objeto pareça mais rápido do que realmente é, devido à sua proximidade com a plataforma de observação em altitude elevada. Para esclarecer, o AARO publicou um artigo detalhado sobre o efeito de paralaxe em seu site, permitindo que o público verifique os cálculos.
No entanto, essa análise gerou controvérsia. Ryan Graves, ex-aviador naval e fundador da organização Americans for Safe Aerospace, critica o fato de o AARO não ter consultado o oficial de sistemas de armas (WSO) que testemunhou e registrou o OVNI. Graves acredita que o AARO está utilizando tecnicalidades para explicar os vídeos em vez de buscar a verdade. Ele também enfatiza que os pilotos não consideraram o objeto interessante por sua velocidade, mas sim por ter sido registrado minutos após outro avistamento conhecido como 'Gimbal', e por ser parte de uma formação de quatro objetos voando em linha, com cerca de um quilômetro de separação entre eles.
Sean Munger, ex-analista de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e advogado, também questiona a abordagem do AARO. Ele argumenta que o órgão não resolveu o caso 'Go Fast' e que questões fundamentais permanecem sem resposta. Segundo Munger, o AARO apenas abordou o título do arquivo, concluindo que o objeto não estava se movendo rapidamente, mas deixou de determinar o que ele era, de onde veio e para onde foi. Assim como Graves, Munger aponta a falta de consciência situacional completa do AARO, causada pela ausência de diálogo com a tripulação que registrou o vídeo.
Apesar das críticas, o AARO considera o caso 'Go Fast' resolvido. No entanto, questões-chave permanecem: o que exatamente o vídeo representa? Como ele se encaixa no contexto mais amplo de objetos vistos pela Marinha dos EUA naquela época? Qual a origem e o controle desses objetos?
Essa abordagem levanta dúvidas sobre os processos investigativos do AARO e se seus esforços realmente contribuem para a segurança dos membros do serviço. Além disso, críticas apontam para a falta de transparência e de comunicação do órgão com testemunhas-chave. Muitos acreditam que o foco excessivo em explicações técnicas compromete a credibilidade do AARO e sua suposta missão de buscar a verdade sobre os OVNIs.
No caso do vídeo "Gimbal", além da ausência de contato com testemunhas-chave, como o WSO, a falta de dados adicionais também dificulta uma avaliação mais completa. Os objetos observados foram considerados incomuns não apenas pela velocidade, mas também pelo contexto e pelas manobras realizadas, reforçando a necessidade de mais investigações.
Reverberações da audiência
As consequências da recente audiência no Congresso continuam a ressoar, levantando sérias questões sobre a eficácia e a integridade das políticas e práticas do Departamento de Defesa (DoD) em relação a OVNIs e denúncias de irregularidades.
Uma carta direcionada à Secretária de Defesa Adjunta, Kathleen Hicks, destaca preocupações sobre a proteção de membros do serviço que apresentam PPD-19 (Petição de Proteção contra Retaliações) e fazem divulgações protegidas ao AARO. Segundo a carta, as políticas atuais do DoD colocam em risco a vida desses indivíduos, contradizendo o compromisso de proteger aqueles que trazem à tona informações sensíveis.
Fontes dentro do governo revelaram que o AARO, criado em resposta aos esforços iniciais da senadora Kirsten Gillibrand para abordar os fenômenos anômalos não identificados (OVNI), possui um grupo técnico consultivo secreto. Esse grupo, conforme indicado, é composto por membros cuja identidade foi deliberadamente ocultada do Congresso pelo ex-diretor do AARO, Dr. Sean Kirkpatrick.
Um dos membros primários desse grupo seria Glenn Gaffney, ex-chefe do Diretorado de Ciência e Tecnologia da CIA (CIA DS&T) e suposto "guardião" dos programas secretos de OVNIs. Alega-se que esse grupo consultivo técnico estava operacional até recentemente e ainda aconselha o AARO.
Essas revelações levantam uma preocupação grave: o grupo, em vez de proteger denunciantes, pode estar funcionando como um canal para transferir informações sobre suas identidades e denúncias de volta à CIA e, potencialmente, para contratados de defesa que podem ser usados para represálias contra os denunciantes.
Se confirmadas, essas alegações indicariam um conflito de interesses profundo no AARO e colocariam em xeque sua capacidade de proteger aqueles que se arriscam para trazer informações críticas à luz. Tal situação mina a confiança pública e institucional no sistema de denúncias, colocando em risco não apenas a transparência, mas também a segurança daqueles que confiam no AARO para sua proteção.
Conclusão
A falta de transparência nas investigações conduzidas pela AARO, aliada à influência de figuras como Susan Gough e às acusações de desinformação histórica por parte do Pentágono, contribui para um ambiente de desconfiança e ceticismo entre aqueles que buscam respostas sobre os OVNIs. Muitos observadores consideram que a AARO está mais preocupada em controlar narrativas e evitar vazamentos do que em atender às expectativas de uma divulgação ampla, transparente e responsável que a comunidade exige.
O documento apresentado pelo novo chefe da AARO ao Comitê de Serviços Armados do Senado, disponível no final do texto, representa um esforço técnico e organizacional para investigar os fenômenos OVNI. Embora esse material detalhe metodologias e casos analisados, ele também reforça as limitações do órgão em abordar de forma completa e satisfatória as questões que permanecem sem resposta.
Esse cenário evidencia a importância de um diálogo mais robusto e colaborativo entre o governo, a comunidade científica e a sociedade. Apenas por meio de uma abordagem realmente transparente e inclusiva será possível desmistificar os fenômenos e promover um entendimento científico e responsável sobre o tema. A expectativa é que, com a crescente atenção política e pública, o AARO e outros órgãos envolvidos sejam pressionados a adotar práticas que inspirem maior confiança e credibilidade. https://www.armed-services.senate.gov/imo/media/doc/aaro_case_slides1.pdf
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